Tuesday, June 26, 2007


HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS
Docente
José Esteves Pereira
Monitora
Isabel Ribeiro


19.06.07 Sessão nº 27

John Rawls


Sumário
Grandes correntes do pensamento político contemporâneo: Debates em torno do individualismo e do comunitarismo.
Aula assegurada pela Doutora Maria João Cabrita(CHC/UNL) na qualidade de especialista dos assuntos tratados.

Michael Sandel


Bibliografia:
Chandran Kukathas/Philip Pettit, Rawls- “Uma teoria da Justiça” e os seus críticos., Lisboa, Gradiva, 1995.

Recursos na Internet

http://cepa.newschool.edu/het/profiles/rawls.htm


HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS
Docente
José Esteves Pereira
Monitora
Isabel Ribeiro

14.06.07 Sessão nº 25
Sumário:
Da Doutrina Social da Igreja à Democracia Cristã. Análise de alguns textos
Apoio da Monitora Drª Isabel Ribeiro
Bibliografia:
Mario Caciagli, Christian Democracy, in “The Cambridge History of Twentieth Century Thought”, ed. By Terence Ball and Richard Bellamy, Cambridge, CUP, 2003, pp.165-180.








A ACTUALIDADE DA DEMOCRACIA CRISTÃ
http://www.cadc.pt/DemocraciaCrista.htm

Por Manuel Braga da Cruz
Reitor da Universidade Católica Portuguesa


A democracia cristã, tal como Leão XIII a lançou na transição do século XIX para o século XX, mais do que uma ideia política, era uma ideia social.
O mesmo Papa se ocuparia de definir a posição da Igreja em face dos regimes políticos, esclarecendo que a Igreja não tem preferência por qualquer forma política, antes pelo contrário respeita a autonomia dessa esfera.
A democracia, como regime político, merece à Igreja, como todos os demais regimes históricos, uma posição de indiferença. Quando a Igreja, por razões de princípio doutrinário, recomenda aos seus fiéis o empenhamento na defesa de aspectos da democracia, como forma política, fá-lo pela defesa dos valores que conformam a democracia e não pelos aspectos políticos dessa forma.
Sabemos contudo que a democracia cristã, como ideário social, lançado pelo movimento social católico, e definido por Leão XIII, bem cedo tendeu a traduzir-se no terreno político sob a forma de partido. Esta partidarização da democracia cristã ocorreu quando se assistiu ao alargamento do sufrágio universal e ao ingresso das massas populares na vida política, quando os partidos, de sistemas de representação, passaram a ser sistemas de integração.
Tratava-se de enquadrar politicamente as massas, para as integrar na política moderna de participação. Os partidos actuavam, por isso, não apenas no terreno político e eleitoral, procurando maximizar os seus resultados e a sua representação parlamentar, mas sobretudo no terreno social, organizando os seus eleitores e apoiantes, não apenas para os mobilizar para as refregas eleitorais, mas para os formar ideologicamente, e para modelar na organização partidária a futura organização da própria sociedade. Por isso se entendia que o partido prefigurava a sociedade que se preconizava.
A partidarização da democracia cristã foi funcional à modernização da vida política, mormente à sua democratização. O juízo que sobre esse período histórico deve ser feito é necessariamente positivo. Traduziu o empenhamento dos cristãos, e muito em especial dos católicos, em contribuírem para a dignificação da vida política.
Contudo, volvida que vai sendo a modernidade, também na vida política, com a sua desideologização e sua subsequente pragmatização, substituídas as formas de mobilização e enquadramento político, perderam força os factores que impeliram à tradução partidária da democracia cristã, e ganharam expressão os inconvenientes de uma tal denominação partidária.
Por isso, o Concílio Vaticano II se pronunciou desfavoravelmente em relação à confessionalização da política, sem contudo ter deixado de insistir nos valores que informam o ideário democrático cristão. Aliás, é sabido o apreço crescente que a Igreja e os Papas têm expresso à democratização da vida política, em vários países e zonas do mundo. Não se trata pois de um abandono das ideias de uma época, reforçadas doutrinariamente e em apreciações de conjunturas, mas de uma coerente retoma de posições quanto à vida social e política, quer respeitantes à sua inspiração doutrinária, quer à sua concretização.
É neste contexto que o ideário da democracia cristã readquire importância, não apenas como conjunto de valores e de princípios doutrinários orientadores da vida social mas também política, não apenas como corpo de normas para a organização de uma parte contra outras, mas como matriz de orientações para informar toda a actuação dos cristãos e dos católicos na vida social e política.
Os democratas cristãos do futuro não têm que ser homens de partido, e muito menos homens de um só partido, mas apenas cidadãos empenhados na construção de uma sociedade mais justa e fraterna, através de uma pluralidade de formas e de compromissos temporais. Isso foi aliás o que os “ceadecistas” sempre pretenderam, ao longo das gerações passadas.
Levar os valores do cristianismo à vida social e política, para a inspirar e impregnar, pede uma forma de organização, que não tem que se confinar a uma organização partidária, antes deve assumir-se como acima e à parte dos partidos. O ideário democrático cristão é compaginável com o pluralismo organizacional na intervenção política e social, desde que essas organizações não se incompatibilizem, elas próprias, com o ideário democrático cristão.
A vida política traduziu, nas sociedades industriais, clivagens sobretudo sociais. O que caracterizava os partidos, acima de tudo, eram diferenças sociais, quer de origem quer de projecto. Nas sociedades pós-industriais de hoje, são antes as clivagens culturais que marcam as diferenças da vida política, designadamente os valores que conformam a acção social. Nunca os valores éticos foram politicamente tão importantes como hoje, quando assistimos simultaneamente ao colapso das ideologias.
Este é o novo desafio que se coloca aos democratas cristãos: o de levar à vida social e política, e aos seus combates culturais, os valores democráticos do cristianismo. É esta a tarefa que torna actual a democracia cristã, tal como Leão XIII a formulou e os sucessivos papas a confirmaram.

Recursos na Internet


Wednesday, June 13, 2007

HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS
Docente
José Esteves Pereira
Monitora
Isabel Ribeiro






12.06.07 Sessão nº 24
Sumário
1.Contexto teórico e ideológico do fascismo italiano e do nacional-socialismo alemão.
2.Ultranacionalismo, totalitarismo e obediência ao chefe carismático.
3.A influência das ideias racistas de Houston Stuart Chamberlain (Die Grundlagen des neunzehnten Jahrhunderts-A Génese do século XIX,1899) e a argumentação de Alfred Rosenberg (Der Mythus des 20. Jahrhunderts-O Mito do século XX,1933).
4.O corporativismo fascista italiano.
5.As concepções estatistas do nacional-socialismo e a defesa do Lebensraum (espaço vital). http://history1900s.about.com/library/holocaust/aa110899.htm
Edição francesa da obra de Chamberlain

Bibliografia recomendada:
1.Stanley G. Payne, Fascism and Racism, The Cambridge History of Twentieth Century Thought, ed. By Terence Ball and Richard Bellamy, Cambridge, CUP, 2003, pp.123-14
2. http://www.library.wisc.edu/libraries/dpf/Fascism/Intro.html
3. http://www.constitution.org/tyr/mussolini.htm


Recursos na Internet sobre as obras indicadas no Sumário:

Houston Stuart Chamberlain (Die Grundlagen des neunzehnten Jahrhunderts-A génese do século XIX,1899
http://www.hschamberlain.net/grundlagen/division0_index.html (trad. inglesa)
Alfred Rosenberg, http://en.wikipedia.org/wiki/Alfred_Rosenberg Der Mythus des 20. Jahrhunderts-O Mito do século XX,1933 http://web.archive.org/web/20020211174958/http://www.ety.com/HRP/booksonline/mythos/mythostoc.htm

(trad. inglesa)

Uma tentativa de explicação de vários aspectos programáticos do fascismo(legais, morais, sociais e económicos)com data de 1926


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Texto de formação nazi numa versão espanhola


Sunday, June 10, 2007

HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS
Docente
José Esteves Pereira
Monitora
Isabel Ribeiro




Delacroix, La liberté guidant le peuple,1830

05.06.07 Sessão nº 23
Sumário
Ideias políticas em torno do Nacionalismo e do Imperialismo: a) Imperialismo liberal; b) A interpretação e crítica socialista; c) As ideias contrastantes do nacionalismo liberal e do nacionalismo étnico.



Caricatura de Linley Sambourne quando Cecil Rhodes http://en.wikipedia.org/wiki/Cecil_Rhodes anunciou um plano para o telégrafo desde Cape Town até ao Cairo.



Bibliografia recomendada:

James Mayal http://www.intstudies.cam.ac.uk/staff/mayall-james.htmll , Nationalism and Imperialism, in The Cambridge history of Twentieth Century Thought, ed. By Terence Ball and Richard Bellamy, Cambridge, CUP, 2003, pp. 104-122.
David Szakonyi, The Rise of Economic Nationalism under Globalizationand the Case of Post-Communist Russia, http://www.sras.org/news2.phtml?m=950
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http://www.homestead.com/wysinger/berlin-conference-doc.html

Thursday, June 07, 2007

HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS
Docente
José Esteves Pereira
Monitora
Isabel Ribeiro



31.05.07 Sessão nº 22
Sumário
1.Liberdade e igualdade no pensamento político oitocentista.
2.A consolidação teórica liberal e a emergência das ideias socialistas. O "socialismo utópico"(St. Simon, Fourier e Owen) http://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo_ut%C3%B3picoe o pensamento de Proudhon( http://dwardmac.pitzer.edu/Anarchist_Archives/proudhon/Proudhonarchive.html
3. Leitura de alguns trechos da Doctrine de Saint-Simon( Exposition, 3ª edição, Paris, 1831) de Enfantin e de Bazard.
4.O pensamento político europeu de 1830 a 1848.
5.O Manifesto Comunista(1848) de Marx e Engels. Materialismo Histórico e Materialismo Dialéctico. Pressupostos essenciais do marxismo e repercussão ideológica do Manifesto.



Bibliografia recomendada:

Jean Jacques Chevalier/Yves Guchet, As Grandes Obras Políticas de Maquiavel à actualidade, Lisboa, Publicações Europa-América, 2004, pp.251-282http://www.pstu.org.br/biblioteca/marx_engels_manifesto.pdf









Sunday, June 03, 2007


HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS
Docente
José Esteves Pereira
Monitora
Isabel Ribeiro

29.05.07 Sessão nº 21
Sumário
O pensamento liberal de Benjamin Constant e a corrente dos “doutrinários”.
Breve referência ao pensamento político europeu de 1815 a 1830.

Bibliografia recomendada:
António Manuel Hespanha, Uma nota sobre Benjamim Constant
http://www.hespanha.net/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/00_constant_sintese.pdf


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Para eventual aprofundamento:
Maria Luisa Sanchez –Mejia, Benjamin Constant y la construcción del liberalismo posrevolucionario, Madrid, AlianzaUniversidad, 1992

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Duas páginas de Benjamin Constant sobre os poderes constitucionais




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O LIBERALISMO DE BENJAMIN CONSTANT




"Foi Benjamin Constant quem defendeu com mais brilho o liberalismo individualista.Introduzido pelos Ideólogos e por Madame de Staël na filosofia do século XVIII, foi, primeiro contra Napoleâo, depois contra o partido Ultra durante a Restauração o teórico das ideias liberais(...) A ideia dominante é uma desconfiança sistemática em relação ao Estado. Constant atribui-lhe a vontade de destruir a liberdade usurpando incessantemente os direitos do indivíduo. Portanto, é preciso, antes de tudo, que "uma parte da existência individual" esteja "fora da competência social"; trata-se dos "direitos naturais"do homem, a saber, a liberdade individual, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a fruição da propriedade. " Nenhuma autoridade, escreve Constant, pode atentar contra estes direitos, sem destruir o que a qualifica". O homem é um templo, e neste templo, detem uma coisa divina;: a liberdade inviolável e inacessível. Nada mais é preciso para ser feliz do que "ser deixado numa independência perfeita" em tudo o que diz respeito ás suas ocupações, aos seus empreendimentos, à sua esfera de actividade , às suas fantasias. Esta "reserva" , tão necessária, em face do Estado não pode ser obtida, a não ser no seio do regime representativo. A soberania reside, sem dúvida, no povo, mas com a condição deste a não exercer por si próprio, antes dela se desligando em proveito dos seus delegados. Contra Rousseau, Constant demonstra que em nome da soberania do povo podem surgir e perpetuar-se as maiores tiranias. Enquanto na antiguidade a liberdade do cidadão se manifestava pelo exercício directo da soberania, hoje o homem livre não procura participar do governo, mas transfere este encargo para os seus representantes"(...)."O sistema representativo deve ser, portanto, organizado de maneira a assegurar o respeito da liberdade civil. Para este efeito, Constant distingue quatro poderes. o poder real, o poder executivo ou ministerial, o poder representativo partilhado entre duas Câmaras, uma hereditária, a outra eleita, o poder judiciário. A originalidade desta repartição é de separar claramente o poder real do poder ministerial. O Rei, aos olhos de Constant, deve exercer apenas uma autoridade "neutra"; paira, irresponsável, por cima das agitações humanas, velando pelo acordo dos outros poderes, mas sem acção sobre a marcha dos acontecimentos". É evidente que Constant, inspirando-se no exemplo inglês, quer refrear, na medida do possível, a força do executivo. Preocupado em defender o indivíduo no exercício dos seus direitos naturais, Constant repudia toda a intervenção do Estado nas relações dos homens entre si. Todo o triunfo do Estado é, aos seus olhos, um revés para o indivíduo. A acção social do governo não encontra adversário mais decidido que ele lembramdo, com todo o gosto, a Inglaterra, onde a ordem pública é tanto melhor assegurada "na medida em que é confiada à razão e ao interesse de cada um". São estas máximas que o fazem tomar posição em economia política contra a ingerência do Estado no plano industrial, que lhe inspiram a separação da Igreja e do Estado e, sob o nome de federalismo, uma forte descentralização municipal. "O que apenas interessa a uma fracção , escreve, deve ser decidido por essa fracção". A garantia suprema do liberalismo político permanece, segundo ele, no carácter censitário do direito de voto; só a propriedade dá aos cidadãos suficiente " interesse" para participar eficazmente no governo do estado, só ela lhe assegura o lazer necessário para "adquirir as luzes e a certeza de julgar bem". E isso é tão verdade que, segundo Constant, a liberdade é um "privilágio"que deve ser parcimoniosamente distribuído. Esta hostilidade em relação ao Estado mostra o caminho percorrido pelo pensamento político desde o século XVIII. Enquanto, para Rousseau, a organização politica tinha por fim assegurar aos cidadãos a fruição dos direitos naturais, para Constant. ela apenas é mantida para que estes direitos não sejam usurpados."
Jacques Droz, Histoire des Doctrines Politiques en France
(trad.J.Esteves Pereira)
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Uma passagem da REBELIÃO DAS MASSAS, de Ortega y Gasset, sobre Guizot(1787-1874) http://www.iscsp.utl.pt/cepp/autores/franceses/guizot.htm e os doutrinários

Quando Guizot, por exemplo, contrapõe a civilização européia às demais fazendo notar que nela não triunfou nunca em forma absoluta nenhum princípio, nenhuma idéia, nenhum grupo ou classe, e que a isso se deve o seu crescimento permanente e seu caráter progressivo, não podemos deixar de pôr o ouvido atento. Este homem sabe o que diz. A expressão é insuficiente porque é negativa, mas suas palavras chegam-nos carregadas de visões imediatas. Como do mergulhador emergente transcendem olores abismais, vemos que este homem chega efetivamente do profundo passado da Europa onde soube submergir. É, com efeito, incrível que nos primeiros anos do século XIX, tempo retórico e de grande confusão, se tenha composto um livro como a Histoire de la Civilisation en Europe. Todavia o homem de hoje pode aprender ali como a liberdade e o pluralismo são duas coisas recíprocas e como ambas constituem a permanente entranha da Europa. Mas Guizot teve sempre péssima publicidade, como em geral, os doutrinários http://en.wikipedia.org/wiki/Doctrinaires. Não me surpreendo. Quando vejo que para um homem ou grupo se dirige fácil e insistente o aplauso, surge em mim a veemente suspeita de que nesse homem ou nesse grupo, talvez junto a dotes excelentes, há algo sobremodo impuro. Talvez isto seja um erro em que incorro, mas devo dizer que não o procurei, que o foi dentro de mim decantando a experiência. De qualquer maneira, quero ter a coragem de afirmar que este grupo de doutrinários, de quem todo o mundo riu e fez mofas truanescas, é, a meu ver, o mais valioso que houve na política do continente durante o século XIX. Foram os únicos que viram claramente o que havia que fazer na Europa depois da Grande Revolução, e foram além disso homens que criaram em suas pessoas uma atitude digna e distante, no meio da rusticidade e da frivolidade crescente daquele século. Rotas e sem vigência quase todas as normas com que a sociedade presta uma continência ao indivíduo, não podia este constituir-se uma dignidade se não a extraía do fundo de si mesmo. Mal pode fazer-se isso sem alguma exageração, ainda que seja somente para se defender do abandono orgiástico em que vivia seu contorno. Guizot soube ser, como Buster Keaton, o homem que não ri. Não se abandona jamais. Condensam-se nele várias gerações de protestantes nimeses que haviam vivido em alerta perpétuo, sem poder flutuar à deriva no ambiente social, sem poder abandonar-se. Havia chegado a converter-se neles em um instinto a impressão radical de que existir é resistir, fincar os calcanhares no chão para se opor à correnteza. Numa época como a nossa, é bom tomar contacto com os homens que não “se deixam levar”. Os doutrinários são um caso excepcional de responsabilidade intelectual; quer dizer, do que mais tem faltado aos intelectuais europeus desde 1750, defeito que é, por sua vez, uma das causas profundas do presente desconcerto. Mas eu não sei se, ainda que me dirigindo a leitores franceses, posso aludir ao doutrinarismo como a uma magnitude conhecida. Pois se dá o fato escandaloso de que não existe um só livro onde se tenha tentado precisar o que aquele grupo de homens pensava, como, ainda que pareça incrível, não há tampouco um livro medianamente formal sobre Guizot nem sobre Royer-Collard. É verdade que nem um nem o outro publicaram jamais um soneto. Mas, enfim, pensaram profundamente, originalmente, sobre os problemas mais graves da vida pública européia, e constituíram o doutrinal político mais estimável de toda a centúria. Nem será possível reconstruir a história desta se não se estabelece intimidade com o modo em que se apresentaram as grandes questões ante estes homens. Seu estilo intelectual não é só diferente em espécie, mas o é de outro gênero e de outra essência em face de todos os demais triunfantes na Europa antes e depois deles. Por isso não os entenderam, apesar da sua clássica lucidez. E, todavia, é muito possível que o porvir pertença a tendências de intelecto muito semelhantes às suas. Pelo menos, asseguro a quem se proponha formular com rigor sistemático as idéias dos doutrinários, prazeres de pensamento não esperados e uma intuição da realidade social e política totalmente diferente das usadas. Perdura neles ativa a melhor tradição racionalista em que o homem se compromete consigo mesmo a procurar coisas absolutas; mas diferentemente do racionalismo linfático de enciclopedistas e revolucionários, que encontram o absoluto em abstrações bon marché, descobrem eles o histórico com o verdadeiro absoluto. A história é a realidade do homem. Não tem outra. Nela chegou a fazer-se tal e como é. Negar o passado é absurdo e ilusório, porque o passado é “o natural do homem que volta a galope”. O passado não está presente e não teve o trabalho de acontecer para que o neguemos, mas para que o integremos. Os doutrinários desprezavam os “direitos do homem” porque são absolutamente “metafísicos”, abstrações e irrealidades. Os verdadeiros direitos são os que absolutamente estão aí, porque foram aparecendo e se consolidando na história: tais são as “liberdades”, a legitimidade, a magistratura, as “capacidades”. Se alentassem hoje reconheceriam o direito de greve (não política) e o contrato coletivo. A um inglês tudo isso pareceria óbvio; mas os continentais ainda não chegamos a essa estação. Talvez desde o tempo de Alcuino tenhamos vivido cinqüenta anos pelo menos atrasados a respeito dos ingleses. (Do Prólogo para franceses, Edição em http://www.gropius.hpg.ig.com.br/ebooks/ortega.txt





Pierre Paul Royer-Collard(1814-1830)

http://en.wikipedia.org/wiki/Pierre_Paul_Royer-Collard

Saturday, June 02, 2007


HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS

Docente
José Esteves Pereira

Monitora
Isabel Ribeiro


24.05.07 Sessão nº 20
Sumário
Aula prática com a participação dos alunos, através de leituras preparadas:
J. de Maistre: Des Origines de La Souveraineté, in « Étude sur la
Souveraineté » e
Considérations sur la France
Louis de Bonald : trechos de Théorie du pouvoir politique et religieux(Iª parte) e Essai analytique sur les lois naturelles de l'ordre social, oú du pouvoir, du ministre et du sujet dans la société


Louis de Bonald(1754-1840)

Théorie du pouvoir politique http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k418456
Essai analytique sur les lois naturelles de l'ordre social, oú Du pouvoir, du ministre et du sujet dans la société http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k87651v.notice

HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS
Docente
José Esteves Pereira
Monitora
Isabel Ribeiro
22.05.07 Sessão nº 19
Sumário
Aula prática sobre Edmund Burke(1729 —1797 e a corrente contra-revolucionária (Joseph de Maistre(1753-1821) e de Louis de Bonald(1754-1840)

Edmund Burke

Acesso online à obra Edmund Burke, Reflections on the Revolution in France (Select Works vol. 2) (1790)

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Joseph de Maistre

Retrato de Joseph de Maistre
in J. Calvet, Manuel illustré d'histoire de la littérature française. 15ème ed.. Paris, J. de Gigord, 1946


Etude sur la souveraineté

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